Voltando ao Enchufable… Assim que o piso começou a ondular, começaram as pancadas no posterior… Percebi logo que não foi feito para “estas águas”… Provavelmente o kit “xiripititi” de molas classe 1 à frente não ajudará à festa (nem a jante 18), mas globalmente pareceu-me que o conforto fica sacrificado ao nível de qualquer outro carro "normal", o que na verdade não me espanta… Há quem diga que os SUV não são mais que monovolumes com ares de "aventura".
Ainda não meti o Pata Gris no mato (mas há-de ir um dia), mas até ver confirmo… Conhecendo eu bem o que é um todo-o-terreno, o PHEV não chega nem lá perto… Pode até ser um 4X4 mas na verdade, desde que não estejamos a falar de trialeiras e lamaçais, a tracção total não é o que mais faz falta em todo-o-terreno. Muito mais importante é a altura ao solo e os ângulos de entrada, saida e ventral… E aí o PHEV não me parece famoso… Sem falar no posicionamento das baterias que é periclitante quando se vai para terreno acidentado… Ou seja, não estou a ver “El Enchufable” a fazer muito mais que um estradão em relativas boas condições… Mas também nada que um Polo não faça sem dificuldades.
Em suma, não fiquei particularmente maravilhado com a suspensão do PHEV… Pareceu-me bastante neutra, próxima do standard francês… Nem muito mole, nem muito rijo, antes pelo contrário... Um bom compromisso para estradas em medias/boas condições, mas um martírio para troços escavacados como este…
E lá fomos nós literalmente de “cu tremido” até Vendas Novas a fintar os buracos que conseguia… Daí para a frente finalmente sossego.
A N4 não é das estradas mais interessantes, mas verdade seja dita também não é das mais feias e para vistas, e claramente melhor que andar pela AE…
Já próximo do destino, o Sra. do GPS desviou-nos na N4… E ainda bem que o fez.
Seguimos por uma estrada municipal muito agradável com alguns túneis formados por ramagens de faias à beira da estrada. Vêem-se por aqui alguns montados também e atravessa-se a pequena e pacata aldeia da Igreijinha. Um povoado típico de casinhas brancas arrumadas em ruelas. Aqui o tempo passa devagar… Paragem rápida para umas chapas no apeadeiro desactivado da Azaruja que servia a antiga linha férrea de Évora.
E finalmente chegada a Évoramonte já a horas de almoço.
Apontamento curioso que já tinha verificado aquando a volta da Páscoa… O MMCS tem uma função engraçada (que activei por acaso)… Em troços de curvas perigosas avisa antecipadamente o condutor fazendo ecoar na cabine um sonante bong!
Não sei se os troços estão georreferenciados ou se são avaliados por consulta do mapa, mas até ver pareceu-me que 99% do bongs que ouvi estavam correctos.
Aproveitei também para fazer uma experiência… Saindo de Lisboa fui gerindo a carga da bateria “manualmente” isto é, não deixando chegar ao limite e aplicando o “charge” em troços mais exigentes (subidas e velocidades mais altas) salvaguardando a bateria… Basicamente é o que tenho visto o próprio PHEV faz quando o SOC chega ao limiar dos 25%, mas em ciclos de 2-5kms de autonomia EV (carrega, gasta, carrega, gasta, etc). Digamos que estava a tentar fazer ciclos maiores e mais oportunos, utilizando o “charge”. Desta forma e com cerca de ?kms de caminho a velocidades entre os (80 a 100km/h) alcancei os de 5.4lts/100… Outra nota, o AC foi ligado em 70% do percurso com temperaturas à chegada na ordem dos 29ºC.
Em Évoramonte tratámos de almoçar antes da visita ao castelo.
Subimos até ao castelo que está a 1 ou 2kms da vila e deixei o Enchufable à sombra, sem antes tirar uma boa chapa aproveitando que não estava lá ninguém.
O castelo data do século XII tendo evoluído para a construção Manuelina que tem hoje em dia 4 séculos depois. Digno de nota o facto da Convenção de Évoramonte ter sido aqui assinada. Acordo que estipulou a resignação de D. Miguel, submetendo os tradiocionalistas aos liberais.
Está agora sob gestão da câmara de Estremoz e do que vimos estão de parabéns, pois apesar de se encontrar praticamente sem recheio todo o aspecto interior e exterior da estrutura está preservado e cuidado. A visita ao primeiro Domingo de cada mês é gratuita (foi o caso) ou 2€ nos outros dias que não me custavam nada a dar.
Depois da visita voltámos à estrada. Facto curioso, o PHEV começou a apitar para abastecer… Caramba ia jurar que o estacionei ainda com qualquer coisita no nível… Provavelmente foi de ter ficado inclinado pois passado um bocado começou a “nascer” combustível.
Mesmo assim não arrisquei e abasteci na estação de serviço à saída… Já o não fazia desde que vim lá de cima na Páscoa, cerca de 1100kms com um depósito (sem contar electrões, claro).
O regresso foi feito já em puro híbrido, sem barras na bateria, e deixei-o estar assim sozinho a “orquestrar” a coisa.
Fizemos os mesmo caminho inverso até Vendas Novas, com um pequeno desvio até à barragem dos minutos no concelho de Montemor. Trata-se de uma albufeira relativamente recente sobre o rio Almansor destinada ao suporte de rega.
Voltando ao sistema de navegação, os mapas são da HERE (ex-Nokia) que segundo me parece agora serve um consórcio de construtores alemães (BMW, MB, VW). Não sei se o resto do software também será deles mas bom, todo o conjunto de menus e ecrãs é um bocado bazaroco com revivalismos do século passado… Também me parece que esse é o problema da maioria dos sistemas fornecidos pelas marcas… Dá-me ideia que só agora estão a despertar seriamente para o infotainment.
O ecrã é táctil é resistivo (daqueles que opera com a pressão dos dedos e não com o toque)… Uau, acho que já não via um desses há 10 anos! O sistema é feita pela japonesa Denso cujo na sua página corporativa se anunciam como "produtores de equipamentos avançados para a indústria automóvel"… Avançados? Assim de repente não me parece. Verdade seja dita, o interface parece-me "user-friendly" QB... Apesar de exibir alguns edifícios em 3D, o desenho dos mapas não é do melhor que já vi e a perspectiva do horizonte na vista 3D é por vezes duvidosa. Mas vá, globalmente digamos que satisfaz. A navegação é bastante boa com as indicações a surgirem em paralelo no "display" da instrumentação sendo também faladas clara e atempadamente. Activando-se as opções certas é possível obter detalhe no MMCS durante as mudanças de direcções como por exemplo um zoom de meio ecrã da rotunda que se aproxima, com a distância a que estamos da mesma e as indicações por onde vamos entrar e por onde temos de sair… A assertividade e cobertura dos mapas pareceu-me bastante boa. Durante este tempo de utilização não falhou nenhuma morada nem nenhum trajecto ou traçado.
De Vendas Novas a Lisboa a sugestão foi atravessar o rio por Vila Franca… Pode parecer um disparate, mas julgo que está conforme os parâmetros que lhe passei (recordo, Modo de rota: ECO, Vias rápidas: Preferidas, Portagens: Minimizadas). Depois N1 até Alverca e daí o troço de A1 até Lisboa (onde já não se paga)… Como estava em modo de passeio decidi aceitar a sugestão, acabando mesmo por dispensar a autoestrada seguindo pela nacional.
O consumo final destes quase 400ksm cifrou-se nos 5.7lts/100… 0.3 litros de diferença face ao percurso só de ida, que me permite apenas concluir que a minha estratégia de gestão de carga não deve ter servido para grande coisa… Isto porque é preciso não esquecer que os 5.4lts/100 beneficiaram de uma carga completa de bateria. De notar que no regresso o AC esteve sempre ligado e o modo ECO sempre que me lembrava (inexplicavelmente, desliga-se sempre que se desliga o carro). O modo ECO restringe o acelerador e consumo do AC... Não houve pára/arranca nem grandes declives, de modo que a regeneração em todo o percurso também foi bola.
Relativo ao áudio do MMCS, e atenção que o Enchufable monta a versão normal (sem o sistema XPTO 7.1 e trocó-o-passo) acho-a melhor que o sistema professional que tive num BMW (que montava pequenos subwoofers debaixo dos bancos)… Dá para perceber que os japoneses se esforçaram na insonorização, aliás como era de esperar num carro destes… Não sou um tipo exigente no que toca a quantidade de decibéis, mas bastante crítico quanto a clareza de agudos e graves… E devo dizer que este áudio satisfaz-me plenamente. Deve ser o primeiro carro dos que tive em que não vejo necessidade de upgrade do som.
O interface de gestão das bibliotecas não é o mais simples, sendo que as "playlists" também têm de obedecer a um formato rigoroso e específico… O Bluetooth esse funciona de forma simples e maravilhosa, logo à primeira. O emparelhamento é rapidíssimo e o streaming é limpinho sem soluços… Algo que uso praticamente diariamente.
Depois disto tudo, conclusões?
Mesmo sem carga, o PHEV não faz ma figura quanto a consumos...
Cortando o AC estou convencido que teria poupado ali qualquer coisa entre 0.3 a meio litro, o que alinha com os consumos que já vi por aí outros fazerem em cenários semelhantes... O que corrobora a opinião de polivalência que tinha sobre esta máquina... Está certo que anda bem na cidade sem gastar pinga, mas isso não o incompatibiliza como carro de viagem... E essa parece-me ser a característica distinta deste carro.
Quanto ao MMCS... Continuo sem certezas... Se não integrasse com o sistema híbrido do carro, já tinha levado um chuto de certeza..
Mas ao fim deste tempo devo admitir que na verdade não é tão mau quanto pensava...
Para já mandei vir um suporte para espetar o telemóvel, vamos ver como será o convívio com os dois.
E pronto, fecho este já longo episódio do Enchufable de Pata Gris.