
as vantagens da produção de biodiesel a partir de microalgas marinhas. são vegetais unicelulares que não usam água doce, podem ser cultivadas em tanques flutuantes no mar, sem conflitos agrários, e usar nutrientes de fontes oceânicas desde que as águas profundas ricas em nutrientes sejam bombeadas até a superfície. nada que um pouco de tecnologia e vontade política não resolva. para quem quiser saber um pouco mais sobre a importância ambiental, ecológica (mesmo!!) e sócio-econômica das microalgas marinhas veja o artigo "a natureza escondida".
o conteúdo de lipídios das microalgas, substância precursora do biodiesel algal, varia entre 1 a 40% do peso seco, podendo alcançar até 85% se as condições nutricionais do cultivo for manipulada. quer dizer, se a concentração de nutrientes for reduzida diminuindo os custos de produção, a concentração de lipídios intracelular aumenta ainda mais, o que aumenta o rendimento. um paradoxo jamais encontrado no sistema produtivo industrial. as microalgas marinhas, sobretudo as diatomáceas, são mais promissoras ainda devido ao alto teor de lipídios em suas células. claudia maria teixeira e maria elizabeth morales, ambas pesquisadoras do instituto nacional de tecnologia (rj-brasil) publicaram o artigo “microalga como matéria-prima para a produção de biodiesel” que comprova o potencial das microalgas como candidatas à matéria prima para a produção de biodiesel no brasil sem conflitos ambientais.
em portugal, empresas européias (alga fuel, green cybe & espírito santo ventures) estão investindo em uma refinaria de produção em massa de microalgas. é um novo conceito de rendimento de óleo por biomassa vegetal. o “single cell oil” (sco) que visa desenvolver tecnologia para extração de óleo de organismos unicelulares, como as microalgas.
resumindo, as principais vantagens do uso de microalgas como matéria-prima para a produção de biodiesel são:
-gasta pouca água. a maior parte da água é usada como habitat dos organismos que vivem em suspensão. os cultivos em bioreatores mantêm a água em sistema fechados ou em piscinas abertas, onde pode ser reutilizada indefinidamente após cada colheita.
-cultivos em massa podem ser feitos em qualquer lugar. não utiliza o solo como habitat de sustentação. portanto nossos solos podem continuar a produzir a agricultura tradicional.
-cultivos em massa de microalgas ocupam o espaço em três dimensões. ou seja, 1 metro quadrado de área usada para cultivos de microalgas pode ser estendido verticalmente produzindo centenas de vezes mais óleo vegetal do que culturas oleaginosas no mesmo espaço. em escala experimental, estima-se que as microalgas possam produzir de 200 a 300 vezes mais óleo vegetal do que a maioria das oleaginosas em uma área 100 vezes menor. isto é, para produzir 250 mil toneladas de biodiesel vegetal a partir de microalgas são necessários 2.500 hectares de espaço em terra. para produzir as mesmas 250 mil toneladas a partir da soja são necessários 500 mil hectares.
a questão do espaço é ainda mais vantajosa se os cultivos em massa forem desenvolvidos no mar!!
microalgas têm eficiência fotossintética muito maior do que os vegetais terrestres, com crescimento e acumulo rápido de biomassa vegetal. ou seja, produzem mais biomassa por hectare em menos tempo.
outra vantagem de usar microalgas marinhas, é que elas não necessitam água doce!! crescem na água salgada. um problema ambiental a menos.
microalgas são fixadoras eficientes de carbono atmosférico. fixam mais carbono através da fotossíntese em muito menos tempo. estima-se que cada tonelada de biomassa algal produzida em determinado tempo consome duas toneladas de co2 através da fotossíntese. isso representa dez a vinte vezes mais do que o absorvido pelas culturas oleaginosas.
a natureza unicelular assegura uma biomassa com mais pureza bioquímica, ao contrário das plantas terrestres que tem compostos diferentes em diferentes partes do vegetal (p.ex., frutos, folhas, sementes ou raízes)
resumindo, as vantagens de usar microalgas, sobretudo marinhas, como matéria-prima para a produção de biodiesel são óbvias. e os números em relação à eficiência e vantagens sobre as culturas de oleaginosas estão aí para comprovar. estamos mais uma vez diante de uma bifurcação na corrida pelo desenvolvimento com responsabilidade ambiental. podemos seguir o caminho da tecnologia inovadora, criativa e alternativa, que usa a biotecnologia em benefício da própria humanidade. ou continuamos no caminho da agroindústria tradicional, que até agora usou a biotecnologia para o benefício próprio além do ônus futuro de mais problemas ambientais.
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