Biocombustível da Galp pode ditar fracasso do biodiesel
Enviado: sexta out 12, 2007 3:31 am
artigo "semanário económico"
autor: catarina madeira
data: 06-07-2007
"o resultado poderá ser a morte de uma indústria nascente, com investimentos previstos na ordem do 300 milhões de euros. a decisão quanto à isenção do imposto sobre produtos petrolíferos (isp) pode ser decisiva.
a estratégia da galp para os biocombustíveis pode deixar pouca margem ao mercado português de biodiesel.
o produto que a petrolífera vai fabricar a partir de 2008 na refinaria de leça, é um aditivo do gasóleo, que a galp chama de "segunda geração", com características semelhantes ao biodiesel.
a empresa anunciou que, até 2010, as refinarias do porto e sines vão estar a produzir 500 mil toneladas deste biocombustível, quantidade próxima da necessária para atingir a meta de incorporação (10%) estabelecida pelo governo, lembra fernanda rosa do departamento de energias renováveis do instituto nacional de engenharia, tecnologia e inovação (ineti).
neste projecto, a galp vai investir 225 milhões de euros e já formalizou uma parceria com a petrobras.
contactada pelo "semanário económico", a empresa sublinha que o mercado português no seu todo necessita de cerca de 700 mil toneladas de biodiesel para atingir a meta estabelecida, e afirma mesmo que "não descarta a hipótese de adquirir biodiesel a produtores nacionais, desde que estes apresentem condições competitivas".
estreita margem para o biodiesel. se a estratégia delineada pela galp se confirmar, sobrará pouca margem (apenas 200 mil toneladas) para a comercialização do biodiesel.
são conhecidos projectos de construção para seis refinarias de biodisel e o aumento da produção da unidade da iberol, num investimento total superior a 300 milhões de euros. face a este cenário, fernanda rosa acredita que alguns destes projectos poderão ter "dificuldades" e acrescenta: "as fábricas podem sobreviver através de contratos com frotas ou empresas de transportes, mas dificilmente chegarão aos postos de abastecimento".
neste momento, a galp detém do mercado de distribuição, sendo o restante distribuído pela bp, repsol e outras gasolineiras de menor expressão.
a bp portugal compra 8o% dos combustíveis à galp, já com biodiesel incorporado. o restante é importado sem mistura, mas marques mira, responsável pela gestão de novos produtos da bp, confirma que a empresa vai passar a adquirir biodiesel junto de produtores: "já existem contactos nesse sentido". contudo, sobra apenas uma margem de 20% para os restantes players do mercado.
limite razoável.
"achamos que até 300 mil toneladas a galp terá um contributo positivo para cumprir a meta do 'governo. já o aumento para as 500 mil toneladas corre o risco de afogar a indústria do biodiesel genuíno", defende pedro sampaio nunes, um dos promotores da greencyber, empresa que tem um projecto de construção de uma refinaria de biodiesel em sines com capacidade para 250 mil-toneladas por ano.
governo ainda não decidiu sobre isenção do isp.
pedro sampaio nunes defende que a isenção do isp deve privilegiar a produção de biodiesel "por ser mais competitiva". e justifica: "fazendo contas ao balanço energético e económico, o processo da galp é mais caro e o consumidor sai prejudicado". a greencyber deverá "privilegiar a distribuição através do blending com a galp" mas se assim não acontecer, a empresa considera a possibilidade de utilizar "canais próprios tal como, faz a martifer".
a martifer quer estar presente em toda a cadeia de valor dos biocombustíveis - desde a produção até à venda ao consumidor final e acredita que "há mercado disponível para a empresa", tendo já estabeleceu um contrato com a galp para fornecer 25 mil toneladas de biodiesel, por ano, e um outro para aquisição de combustíveis.
martifer independente na distribuição
perante a previsível falta de matéria-prima que vai afectar portugal quando todos os projectos estiverem a funcionar, a participada da mota-engil decidiu instalar a produção na roménia. já em portugal, "a solução foi avançar para o lado da distribuição", explica carlos martins, presidente da empresa.
de acordo o empresário, é "mais interessante" comercializar o produto directamente ao consumidor, do que vendê-lo às petrolíferas para ser posteriormente misturado. 'por isso, até 2010, a martifer deverá instalar uma rede de 120 postos de abastecimento que vão gerar vendas de 400 mil m por ano.
as estações de serviço terão a marca prio express e, para alavancar a expansão foram celebrados contratos com a jerónimo martins - que prevê a construção dos postos junto a lojas pingo doce e feira nova - e com o carrefour. este ano, devem abrir 20 postos e o objectivo é conquistar uma quota de mercado de 5% em três anos.
galp e petrobras produzem 600 mil toneladas
o acordo assinado esta semana entre a galp energia e a brasileira petrobras estabelece a produção de 6oo mil toneladas de óleos vegetais, por ano.
do total, 300 toneladas - o equivalente a cerca de 280 mil toneladas de biodiesel - serão transformadas em "biodiesel de segunda geração" nas refinarias da galp. a outra metade será refinada no brasil, tendo como destino mercados europeus, onde também se inclui portugal.
este acordo vem na sequência de um memorando de entendimento que as duas empresas já tinham celebrado em maio e que agora passa a estar formalizado.
segundo o comunicado da galp energia, este é um passo decisivo na concretização da sua estratégia para os biocombustíveis e' contribui para o posicionamento de portugal na liderança da produção de biocombustíveis de segunda geração.
juntos na produção e no desenvolvimento de know-how.
as empresas acordaram, já no memorando que antecedeu este acordo, que "haverá troca de experiências e estudos para a definição da logística e da localização da produção da oleaginosa em território brasileiro'
a petrobras está a desenvolver um produto da categoria do biodiesel de segunda geração ao qual chamou h-bio, uma mistura do óleo vegetal com óleo mineral na própria refinaria.
até ao segundo semestre de 2007, a petrobras considera viável a possibilidade, de implementar esta tecnologia em três refinarias, com um consumo de óleo vegetal previsto na ordem de 256 mil metros cúbicos, por ano (o que equivale a cerca de 10% do óleo vegetal exportado pelo brasil em 2005). para 2008 está planeada a implantação do processo h-bio em mais duas refinarias, o que deverá elevar o processamento de óleo vegetal para cerca de 425 mil metros cúbicos por ano."
como o outro já dizia "que filha da putisse" (avelino ferreira torres) tá complicado para a comercialização do bio ser igual á alemanha.
autor: catarina madeira
data: 06-07-2007
"o resultado poderá ser a morte de uma indústria nascente, com investimentos previstos na ordem do 300 milhões de euros. a decisão quanto à isenção do imposto sobre produtos petrolíferos (isp) pode ser decisiva.
a estratégia da galp para os biocombustíveis pode deixar pouca margem ao mercado português de biodiesel.
o produto que a petrolífera vai fabricar a partir de 2008 na refinaria de leça, é um aditivo do gasóleo, que a galp chama de "segunda geração", com características semelhantes ao biodiesel.
a empresa anunciou que, até 2010, as refinarias do porto e sines vão estar a produzir 500 mil toneladas deste biocombustível, quantidade próxima da necessária para atingir a meta de incorporação (10%) estabelecida pelo governo, lembra fernanda rosa do departamento de energias renováveis do instituto nacional de engenharia, tecnologia e inovação (ineti).
neste projecto, a galp vai investir 225 milhões de euros e já formalizou uma parceria com a petrobras.
contactada pelo "semanário económico", a empresa sublinha que o mercado português no seu todo necessita de cerca de 700 mil toneladas de biodiesel para atingir a meta estabelecida, e afirma mesmo que "não descarta a hipótese de adquirir biodiesel a produtores nacionais, desde que estes apresentem condições competitivas".
estreita margem para o biodiesel. se a estratégia delineada pela galp se confirmar, sobrará pouca margem (apenas 200 mil toneladas) para a comercialização do biodiesel.
são conhecidos projectos de construção para seis refinarias de biodisel e o aumento da produção da unidade da iberol, num investimento total superior a 300 milhões de euros. face a este cenário, fernanda rosa acredita que alguns destes projectos poderão ter "dificuldades" e acrescenta: "as fábricas podem sobreviver através de contratos com frotas ou empresas de transportes, mas dificilmente chegarão aos postos de abastecimento".
neste momento, a galp detém do mercado de distribuição, sendo o restante distribuído pela bp, repsol e outras gasolineiras de menor expressão.
a bp portugal compra 8o% dos combustíveis à galp, já com biodiesel incorporado. o restante é importado sem mistura, mas marques mira, responsável pela gestão de novos produtos da bp, confirma que a empresa vai passar a adquirir biodiesel junto de produtores: "já existem contactos nesse sentido". contudo, sobra apenas uma margem de 20% para os restantes players do mercado.
limite razoável.
"achamos que até 300 mil toneladas a galp terá um contributo positivo para cumprir a meta do 'governo. já o aumento para as 500 mil toneladas corre o risco de afogar a indústria do biodiesel genuíno", defende pedro sampaio nunes, um dos promotores da greencyber, empresa que tem um projecto de construção de uma refinaria de biodiesel em sines com capacidade para 250 mil-toneladas por ano.
governo ainda não decidiu sobre isenção do isp.
pedro sampaio nunes defende que a isenção do isp deve privilegiar a produção de biodiesel "por ser mais competitiva". e justifica: "fazendo contas ao balanço energético e económico, o processo da galp é mais caro e o consumidor sai prejudicado". a greencyber deverá "privilegiar a distribuição através do blending com a galp" mas se assim não acontecer, a empresa considera a possibilidade de utilizar "canais próprios tal como, faz a martifer".
a martifer quer estar presente em toda a cadeia de valor dos biocombustíveis - desde a produção até à venda ao consumidor final e acredita que "há mercado disponível para a empresa", tendo já estabeleceu um contrato com a galp para fornecer 25 mil toneladas de biodiesel, por ano, e um outro para aquisição de combustíveis.
martifer independente na distribuição
perante a previsível falta de matéria-prima que vai afectar portugal quando todos os projectos estiverem a funcionar, a participada da mota-engil decidiu instalar a produção na roménia. já em portugal, "a solução foi avançar para o lado da distribuição", explica carlos martins, presidente da empresa.
de acordo o empresário, é "mais interessante" comercializar o produto directamente ao consumidor, do que vendê-lo às petrolíferas para ser posteriormente misturado. 'por isso, até 2010, a martifer deverá instalar uma rede de 120 postos de abastecimento que vão gerar vendas de 400 mil m por ano.
as estações de serviço terão a marca prio express e, para alavancar a expansão foram celebrados contratos com a jerónimo martins - que prevê a construção dos postos junto a lojas pingo doce e feira nova - e com o carrefour. este ano, devem abrir 20 postos e o objectivo é conquistar uma quota de mercado de 5% em três anos.
galp e petrobras produzem 600 mil toneladas
o acordo assinado esta semana entre a galp energia e a brasileira petrobras estabelece a produção de 6oo mil toneladas de óleos vegetais, por ano.
do total, 300 toneladas - o equivalente a cerca de 280 mil toneladas de biodiesel - serão transformadas em "biodiesel de segunda geração" nas refinarias da galp. a outra metade será refinada no brasil, tendo como destino mercados europeus, onde também se inclui portugal.
este acordo vem na sequência de um memorando de entendimento que as duas empresas já tinham celebrado em maio e que agora passa a estar formalizado.
segundo o comunicado da galp energia, este é um passo decisivo na concretização da sua estratégia para os biocombustíveis e' contribui para o posicionamento de portugal na liderança da produção de biocombustíveis de segunda geração.
juntos na produção e no desenvolvimento de know-how.
as empresas acordaram, já no memorando que antecedeu este acordo, que "haverá troca de experiências e estudos para a definição da logística e da localização da produção da oleaginosa em território brasileiro'
a petrobras está a desenvolver um produto da categoria do biodiesel de segunda geração ao qual chamou h-bio, uma mistura do óleo vegetal com óleo mineral na própria refinaria.
até ao segundo semestre de 2007, a petrobras considera viável a possibilidade, de implementar esta tecnologia em três refinarias, com um consumo de óleo vegetal previsto na ordem de 256 mil metros cúbicos, por ano (o que equivale a cerca de 10% do óleo vegetal exportado pelo brasil em 2005). para 2008 está planeada a implantação do processo h-bio em mais duas refinarias, o que deverá elevar o processamento de óleo vegetal para cerca de 425 mil metros cúbicos por ano."
como o outro já dizia "que filha da putisse" (avelino ferreira torres) tá complicado para a comercialização do bio ser igual á alemanha.