Reactor nuclear de fusão
Enviado: sábado dez 09, 2006 9:52 pm
concluído o tratado que permite construir reactor nuclear de fusão
seis países e a união europeia assinaram ontem em paris o acordo sobre a construção do iter (reactor termonuclear experimental internacional, na sigla inglesa). este é um dos projectos científicos mais ambiciosos da história. ele prevê, a um custo projectado de 10 mil milhões de euros, a construção de uma central nuclear de fusão, por enquanto experimental, que deverá revolucionar a produção de energia mundial na segunda metade deste século. para além da ue, os signatários são: estados unidos, rússia, coreia do sul, china, japão e índia.
"é a vitória do interesse geral da humanidade", disse o presidente da frança, jacques chirac, na cerimónia de assinatura. "estendemos a mão às gerações futuras, em nome da solidariedade e da responsabilidade", acrescentou o líder francês.
o presidente da comissão europeia, durão barroso, salientou por seu turno que se trata "de uma aventura a todos os títulos excepcional". barroso mencionou as vantagens que este projecto tem para os europeus, nomeadamente reduzindo a longo prazo as fortes dependências energéticas da ue e eventualmente ajudando a resolver o grave problema do aquecimento global.
a localização tinha sido decidida em meados de 2005, após anos de negociação deste projecto internacional. o reactor experimental ficará em caradache, a 60 quilómetros da cidade francesa de marselha, num local onde a frança instalou no passado outros laboratórios de investigação nuclear.
os países da ue pagam metade do projecto e a frança fará um esforço importante, sendo responsável por 12% da factura. muitas das peças do iter serão construídas nos países signatários e enviadas depois para frança. apesar do optimismo dos políticos, a fase industrial desta tecnologia está, no mínimo, a um horizonte superior a 20 anos.
o iter é uma máquina de grande complexidade. quando estiver desenvolvida a tecnologia, será possível produzir grandes quantidades de energia, usando combustíveis que se encontram na natureza em quantidades praticamente ilimitadas, nomeadamente deutério, que existe na água numa proporção de 40 miligramas por litro. esta produção de energia seria "limpa", ou seja, com escassos resíduos perigosos, e não terá impactos negativos, tais como os indesejáveis gases de efeito de estufa das fontes energéticas actualmente mais usadas.
questões práticas
com o acordo de ontem, poderá iniciar-se já em 2008 a construção do reactor experimental, sendo criados 1500 postos de trabalho. haverá, no total, mil postos de trabalho de investigação, dos quais 200 ficarão para os japoneses.•
esta fase inicial levará uma década a concluir, começando a exploração do iter apenas em 2018. só em 2030 será construído um "demonstrador industrial", ou seja, um reactor capaz de comprovar a viabilidade económica e tecnológica do projecto. e apenas em 2050 começará a ser produzida mais electricidade do que a que será consumida nas experiências.
as incógnitas tecnológicas e científicas são enormes. para obter o estado de plasma da matéria susceptível de produzir as reacções de fusão será preciso obter temperaturas de 100 milhões de graus centígrados. além disso, é mal conhecido este estado de plasma. a máquina em si baseia-se num desenho russo, denominado tokamak, que inclui uma câmara de vácuo onde corre um poderoso campo magnético.•
nos termos deste tratado internacional, os estados unidos, japão, rússia, china e coreia pagarão, cada um, 10% do projecto e a índia (que aderiu ao iter apenas em dezembro), pagará a reserva estratégica de 500 milhões de euros. a sede da empresa será em barcelona, mas o projecto não pertence aos europeus, pois os países signatários partilham a tecnologia.
http://dn.sapo.pt/2006/11/22/economia/c ... strui.html
seis países e a união europeia assinaram ontem em paris o acordo sobre a construção do iter (reactor termonuclear experimental internacional, na sigla inglesa). este é um dos projectos científicos mais ambiciosos da história. ele prevê, a um custo projectado de 10 mil milhões de euros, a construção de uma central nuclear de fusão, por enquanto experimental, que deverá revolucionar a produção de energia mundial na segunda metade deste século. para além da ue, os signatários são: estados unidos, rússia, coreia do sul, china, japão e índia.
"é a vitória do interesse geral da humanidade", disse o presidente da frança, jacques chirac, na cerimónia de assinatura. "estendemos a mão às gerações futuras, em nome da solidariedade e da responsabilidade", acrescentou o líder francês.
o presidente da comissão europeia, durão barroso, salientou por seu turno que se trata "de uma aventura a todos os títulos excepcional". barroso mencionou as vantagens que este projecto tem para os europeus, nomeadamente reduzindo a longo prazo as fortes dependências energéticas da ue e eventualmente ajudando a resolver o grave problema do aquecimento global.
a localização tinha sido decidida em meados de 2005, após anos de negociação deste projecto internacional. o reactor experimental ficará em caradache, a 60 quilómetros da cidade francesa de marselha, num local onde a frança instalou no passado outros laboratórios de investigação nuclear.
os países da ue pagam metade do projecto e a frança fará um esforço importante, sendo responsável por 12% da factura. muitas das peças do iter serão construídas nos países signatários e enviadas depois para frança. apesar do optimismo dos políticos, a fase industrial desta tecnologia está, no mínimo, a um horizonte superior a 20 anos.
o iter é uma máquina de grande complexidade. quando estiver desenvolvida a tecnologia, será possível produzir grandes quantidades de energia, usando combustíveis que se encontram na natureza em quantidades praticamente ilimitadas, nomeadamente deutério, que existe na água numa proporção de 40 miligramas por litro. esta produção de energia seria "limpa", ou seja, com escassos resíduos perigosos, e não terá impactos negativos, tais como os indesejáveis gases de efeito de estufa das fontes energéticas actualmente mais usadas.
questões práticas
com o acordo de ontem, poderá iniciar-se já em 2008 a construção do reactor experimental, sendo criados 1500 postos de trabalho. haverá, no total, mil postos de trabalho de investigação, dos quais 200 ficarão para os japoneses.•
esta fase inicial levará uma década a concluir, começando a exploração do iter apenas em 2018. só em 2030 será construído um "demonstrador industrial", ou seja, um reactor capaz de comprovar a viabilidade económica e tecnológica do projecto. e apenas em 2050 começará a ser produzida mais electricidade do que a que será consumida nas experiências.
as incógnitas tecnológicas e científicas são enormes. para obter o estado de plasma da matéria susceptível de produzir as reacções de fusão será preciso obter temperaturas de 100 milhões de graus centígrados. além disso, é mal conhecido este estado de plasma. a máquina em si baseia-se num desenho russo, denominado tokamak, que inclui uma câmara de vácuo onde corre um poderoso campo magnético.•
nos termos deste tratado internacional, os estados unidos, japão, rússia, china e coreia pagarão, cada um, 10% do projecto e a índia (que aderiu ao iter apenas em dezembro), pagará a reserva estratégica de 500 milhões de euros. a sede da empresa será em barcelona, mas o projecto não pertence aos europeus, pois os países signatários partilham a tecnologia.
http://dn.sapo.pt/2006/11/22/economia/c ... strui.html