
segundo um relatório divulgado no dia 16 de julho, pela organização ambientalista greenpeace, mais de 6,4 milhões de toneladas de lixo, das quais 60 a 80% de plásticos, acabam no mar anualmente, no âmbito da campanha «recuperemos o mediterrâneo».
o estudo indica que 70% do lixo mundial encontra-se no fundo do mar, ameaçando várias espécies entre as quais tartarugas, cetáceos e focas.
«estamos a afogar o mar em plásticos», declarou mario rodriguez, director de campanhas da greenpeace em espanha, que apresentou o relatório hoje em barcelona, a bordo do rainbow warrior, citado pelo jornal el mundo.
ainda que tenham aumentado os gastos com a limpeza de praias e fundo do mar, o lixo continua a voltar insistentemente.
dados da campanha 2006/2007 do programa coastwatch portugal revelaram que a presença de lixo, sobretudo garrafas e sacos de plástico, continua a ser problemática nas praias portuguesas, tendo sido contabilizados mais de 100 mil resíduos em 350 quilómetros de costa.
o programa das nações unidas para o ambiente (pnua) estimava, em 2005, que existiam cerca de 13.000 fragmentos de plásticos por quilómetro quadrado nos oceanos.
o mar mediterrâneo norocidental (zonas próximas das costas de espanha, frança e itália) é a zona do planeta com mais detritos no fundo do mar: 1.935 unidades por quilómetro quadrado.
o mar do caraíbas, a costa indonésia, o mar celta (irlanda), o mar do norte, o golfo de leão e o golfo da biscaia são outras zonas com grande acumulação de lixo.
os impactos sobre as espécies marinhas são diversos e vão desde o aprisionamento de animais como tartarugas, focas e cetáceos nas redes de pesca, ingestão de plásticos ou introdução de espécies invasoras.
a bibliografia regista 267 espécies marinhas diferentes afectadas pelos plásticos, algumas das quais em perigo de extinção.
por exemplo, um estudo realizado no mediterrâneo espanhol demonstrou que 75% dos exemplares de tartaruga-boba (caretta caretta) tinham ingerido plásticos. a ingestão destes detritos pode bloquear o tracto digestivo e impedir que os animais se alimentem correctamente até provocar a sua morte.
cerca de 80% deste lixo tem origem em terra, através das redes de saneamento, actividades industriais e turismo costeiro.
embalagens de comida e bebida, cigarros, brinquedos de praia, preservativos, seringas, redes e linhas de pesca, ou sacos de plástico são alguns dos resíduos que se encontram um pouco por todo o lado, refere o estudo da greenpeace.
diário digital / lusa