30% óleos perigosos não são reciclados

[luimio]

30% óleos perigosos não são reciclados
cerca de 30% dos óleos gerados por oficinas e indústrias não estão a ir para reciclagem. estão a ser geridos por operadores ilegais e enviados para destinos que as autoridades desconhecem. se tivermos em conta que um litro de óleo chega para contaminar um milhão de litros de água, temos a noção do impacto causado no ambiente e na saúde pública quando os óleos não vão para o sítio certo.

dados de 2006 mostram que 70% do óleo usado foi movimentado por operadores que integram o sistema da sogilub, entidade licenciada pelo estado para gerir os óleos depois de utilizados. os restantes 30% ninguém sabe onde estão nem como estão a ser tratados, havendo suspeitas de que grande parte esteja a ser queimada nalgumas indústrias. aí são usados como combustível alternativo, não cumprindo as regras ambientais, e gerando mais emissões perigosas para a atmosfera.

o óleo é um resíduo perigoso e, à semelhança do que aconteceu com outros resíduos como as embalagens, o estado entregou o seu tratamento a uma entidade gestora. a sogilub tem a responsabilidade de recolher os óleos depois de usados pelas indústrias e simples oficinas e de dar-lhes o melhor aproveitamento possível. ou fazendo óleo novo a partir do usado, através de processos de regeneração; ou incorporando-o novamente no processo produtivo, a chamada reciclagem; ou valorizando-o energeticamente, utilizando-o como combustível alternativo.

para sustentar financeiramente este sistema, cada lubrificante novo paga um ecovalor, 0,063€/litro antes de entrar no mercado. depois a sogilub distribui a verba pelos operadores de gestão deste resíduo.

dados do ano passado

em 2006, a sogilub recolheu 28 700 toneladas de óleo usado, o que corresponde a 70% do mercado. material que foi depois encaminhado para reciclagem, regeneração e valorização energética, para entidades licenciadas em portugal e no estrangeiro. quanto aos outros 30% foram geridos por empresas que não estão integradas na sogilub. logo, que são ilegais e que não permitem o apuramento do dados aos resíduos.

o que leva fernando moita, director da empresa, a deduzir: "se não são encaminhados por nós, e se nós trabalhamos com todos as empresas licenciadas, é porque não estão a ir para o local certo." contudo, o responsável da empresa não acredita que o mercado paralelo absorva todo o óleo que não é recolhido pela sogilub. "estimamos que seja só 10% porque neste processo há sempre uma fracção que se perde."

para a quercus, é grave o facto de se estarem a perder tantas toneladas. por um lado, é sinal de que há locais contaminados pelo país, por outro, que há emissões atmosféricas perigosas a a partir do local onde os óleos são queimados. mais, "é sinal de que a sogilub, enquanto entidade oficial, não soube motivar os pequenos operadores que já funcionavam no mercado a integrarem a entidade", acusa rui berkemeier da quercus.

luísa pinheiro, da agência portuguesa do ambiente, esclarece que a utilização do óleo como combustível não é proibida, mas exige regras. o que é impossível de garantir quando não se sabe sequer para onde eles são enviados pelos operadores que não pertencem à sogilub. "falta de informação não pode ser a justificação dada. as pessoas sabem que não os podem queimar ou deitar numa linha de água." fernando moita diz que está na mão das autoridades fiscalizadoras resolver este problema.

mas a existência de um mercado paralelo não tem apenas implicações ambientais. "coloca-se aqui também uma questão de concorrência desleal", diz a sogilub. há empresas que cumprem as normas e outras que não e continuam a operar. além disso, há ainda empresas que vendem produtos novos e não pagam ecovalor. e quando o óleo vira óleo usado, é recolhido e tratado na mesma.

[jossef]

estão a ser geridos por operadores ilegais e enviados para destinos que as autoridades desconhecem

depois da primeira multa passam logo a ser recolhidos por operadores legais (n sei pq)

[Ferra]

a mim parece-me que esses 30% são exatamente os consumos entre mudads de oleo de alguns carros, ou seja estão a ser queimados em camaras de combustão de carros com mais quilometragem/menos assistencia...

[escalavardo]

nada disso.. um dos principais consumidores desses óleos, para queimar. são as padarias..

[Fry]

nada disso.. um dos principais consumidores desses óleos, para queimar. são as padarias..

há mais de 15 anos que isso foi proíbido. nem penses que algum padeiro se sujeitaria a queimar óleo mineral.

porque não proíbir a venda de oleos em supermercados. depois queixam-se...

[escalavardo]

eu sei que é proibido, mas entre o que está legislado e o que se faz na realidade vai alguma diferença..

a venda nos supermercados e bombas gasolina já se pensou proibir, mas além de ser um negócio muito rentável, depois existe o argumento que os veículos gastam sempre algum óleo entre as mudanças, e que é necessário acrescentar.. e aí onde é que o consumidor iria corrigir essa perda?

[Ferra]

não vou duvidar de que se cometam atentados mas conheço uma pessoa que tem uma oficina e diz que a diferença entre os oleos que compra e que manda para a empresa que os recolhe ronda os 30%... uma vez até referio que se tivesse uma auditoria como é que ia descalçar a bota...

[escalavardo]

e ele não referiu para onde iam os 30%?

[Ferra]

esses 30% pura e simplesmente não entravam. os carros já não tinham no carter essa quantidade. isto é: a cada muda de oleo metem 3 litros mas só recolhem 2 pq o restante é consumido pelo propio carro entre as mudas. esta média é considerando meses de recolha. não um simples carro, pq um pode até nem consumir quase nada mas existem outros que quase não precisam de mudar o óleo... basta ir repondo o que gasta um carter não chega para realizar a quilometragem necessária para se fazer outra muda, tem de se adicionar oleo...
se calhar esses senhores estão a esquecer-se que existe este consumo... e por coincidencia é o valor que em conversa casual o meu conhecido apontou, mais ou menos claro, mas que rondava!

[Ferra]

mais, os carros acidentados que largam o óleo nas estradas e depois são reparados. para as oficinas só há saida de óleo! essa diferença nunca pode ser colmatada!

[escalavardo]

ainda hoje um mecânico que tem uma oficina me veio perguntar se conhecia alguma empresa que fizesse recolha de óleos, pois segundo disse, talvez fosse tempo de começar a tratar deste resíduo.. nem perguntei o que ele faz actualmente, apenas lhe indiquei as empresas que operam aqui na zona..

perdas há sempre, tanto nos óleos como nos outros resíduos, não há nada a fazer, apenas tentar sempre atingir os 100%, apesar de ser praticamente impossível.

[Ferra]

acredito que para algumas empresas ainda há um longo caminho a percorrer...