Óleo de Abacate

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tractortp
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Óleo de Abacate

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(05-06-09) – o abacateiro pode ser uma nova alternativa para a produção de biodiesel, de acordo com estudo realizado por pesquisadores da universidade estadual paulista (unesp).

segundo eles, o abacate apresenta vantagem em relação a outras oleaginosas estudadas ou usadas para a produção de biocombustível, como a soja. o motivo é que do mesmo fruto é possível extrair as duas principais matérias-primas do biodiesel: óleo (da polpa) e álcool etílico (do caroço).

“o objetivo principal da pesquisa era a extração do óleo para produção de biodiesel. mas, ao tratarmos o resíduo, que é o caroço, conseguimos obter álcool etílico. isso, por si só, é uma grande vantagem, já que da soja é extraído somente o óleo e a ele é adicionado o álcool anidro”, explicou manoel lima de menezes, professor do departamento de química da faculdade de ciências da unesp, em bauru, e coordenador da pesquisa que teve apoio da fapesp na modalidade auxílio a pesquisa – regular.

o brasil é o terceiro produtor mundial de abacate, com cerca de 500 milhões de unidades produzidas por ano. cultivado em quase todos os estados, mesmo em terrenos acidentados, a produção se dá o ano todo, com 24 espécies que frutificam a cada três meses.

não são todos os óleos vegetais que podem ser utilizados como matéria-prima para produção de biodiesel, pois alguns apresentam propriedades não ideais, como alta viscosidade ou quantias elevadas de iodo, que são transferidas para o biocombustível e o tornam inadequado para o uso direto em motor de ciclo diesel.

segundo menezes, o teor de óleo do abacate varia de 5% a 30%. as amostras coletadas na região de bauru (sp) apresentaram, no máximo, 16% de teor de óleo. “esse índice é similar ao teor de óleo da soja que, na mesma região, é de 18%”, comparou.

“teoricamente, é possível extrair de 2,2 mil litros a 2,8 mil litros de óleo por hectare de abacate”, disse. o número é considerado por ele elevado quando comparado com a extração de outros óleos: soja (440 a 550 litros/hectare), mamoma (740 a 1 mil litros/hectare), girassol (720 a 940 litros/hectare) e algodão (280 a 340 litros/hectare).

já o caroço do abacate tem 20% de amido. com base nesse percentual, estima-se que seja possível extrair 74 litros de álcool por tonelada de caroço de abacate. valor próximo ao da cana-de-açúcar, que possibilita a extração de 85 litros por tonelada, enquanto a mandioca fornece 104 litros por tonelada.

apesar da enorme disponibilidade do fruto no brasil, o óleo do abacate ainda é importado, pela falta de tecnologias adequadas para o processamento. o principal obstáculo para obtenção do óleo é o alto teor de umidade – o abacate tem 75% de água, em média –, que afeta o rendimento da extração. esse foi um dos desafios que a pesquisa se propôs solucionar: aperfeiçoar as metodologias de extração para obter melhor rendimento.

extração do óleo


de todos os métodos estudados pelo grupo orientado por menezes, o melhor resultado foi obtido com a desidratação. foi desenvolvido um forno rotativo, com ar quente e, após a secagem, a polpa foi moída e colocada na prensa, seguida do processo de suspensão com solvente. a partir desse momento, foi transferida para uma centrífuga de cesto, desenvolvida pelo grupo. “com a força centrífuga, a polpa fica bem seca e o rendimento melhora”, observou menezes.

da extração do óleo, passou-se para a produção do biodiesel, o que inclui uma etapa de purificação. uma vez purificado, foi feita a síntese do biodiesel, já com o método tradicional utilizado atualmente, que é a reação por transesterificação (conhecido como método ferrari), seguido pela caracterização por cromatografia gasosa.

essa é a técnica exigida pela anp 42, regulamentação da agência nacional do petróleo, gás natural e biocombustíveis que define a caracterização e avaliação da qualidade do produto obtido e deve ser seguida pelos mercados comprador e fornecedor.

o primeiro estudo feito com o caroço foi a hidrólise enzimática, com a qual se obteve rendimento baixo, de cerca de 24 litros por tonelada. agora, os pesquisadores estão iniciando uma nova etapa, que é a hidrólise alcalina e/ou ácida sob pressão, seguida por hidrólise enzimática para melhorar o rendimento.

grande parte dos parâmetros físico-químicos está de acordo com as exigências da regulamentação anp 42, com exceção do teor de glicerina total e acidez, que ficaram um pouco acima, segundo menezes.

os teores de enxofre, fósforo e sódio não foram determinados nessa etapa do projeto devido à dificuldade em encontrar laboratórios para executar os ensaios. esses são aspectos que a pesquisa continuará analisando para que fiquem totalmente compatíveis com os parâmetros da anp 42.

“nosso objetivo é propor o emprego da técnica de espectrofotometria de absorção atômica, empregada na determinação de metais e desenvolver uma nova metodologia que possa ser adaptada para análise do fósforo”, disse.

como os demais resultados obtidos estão em conformidade com a regulamentação, os pesquisadores consideram que a metodologia empregada é adequada para realizar a síntese do produto.

viabilidade econômica


segundo o estudo feito na unesp, as características do biodiesel do óleo de abacate são bastante semelhantes às verificadas com o biodiesel de soja, com exceção da coloração, que é esverdeada, diferente do amarelo no caso da soja. mas isso não afetaria a qualidade.

“na análise de carbono, a clorofila não alterou o resíduo de carbono que a norma estabelece. ficou abaixo. portanto, nesse caso, a cor não interfere na qualidade, é mais uma questão de aparência. clarificar, portanto, é opcional, diferentemente da aplicação medicinal, em que clarificar levaria à perda de propriedades medicinais, ao passo que a coloração escura não tem apelo comercial na produção de cosméticos”, disse menezes.

a viabilidade econômica do biodiesel de abacate não foi foco dessa etapa do estudo nem é a especialidade desse grupo de pesquisa, segundo o coordenador. o custo do biodiesel ainda é alto. produz-se óleo de soja a um custo de r$ 1,20 o litro. o álcool anidro para adicionar é comprado a r$ 0,74 o litro. o abacate tem a vantagem de oferecer as duas matérias-primas e, por enquanto, a um custo mais baixo que o da soja, segundo menezes.

a extração do óleo e álcool do abacate ainda demanda investimentos em equipamentos. de acordo com o professor da unesp, é necessário estudar o desenvolvimento de um despolpador – para separar a polpa do caroço – e produzir a centrífuga para obter máximo rendimento. o estudo resultou na apresentação de quatro trabalhos em congressos nacionais.

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abraços
Sócio nº 37

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